Perfeita
São quase três da manhã e eu sigo tentando colocar pra fora um pouco da pressão que sinto pra estar sempre de acordo com o que esperam de mim e não cometer erros quanto a isso.
Eu poderia dizer que a maior parte desse sentimento vem de crescer em um ambiente controlador, onde me fizeram pensar que pequenos erros são grandes crimes. Isso é o que me mantém em claro na maioria das noites.
Mas é difícil não me culpar, é difícil me manter calma e segura quando os meus maiores medos sempre acabam me alcançando de certa forma.
Em fevereiro fiz uma lista com inúmeras coisas que eu desejava para esse ano e os próximos, dentre elas estava “alguém que me veja como eu realmente sou”. Quando eu escrevi isso pensei em alguém que me enxergasse como um todo e não apenas as qualidades tão óbvias que se apresentam.
A razão pra esse pedido foi ter vivido — novamente — a sensação de estar no pedestal de alguém. Me sentir apenas um troféu para outra pessoa é um dos piores sentimentos que eu já senti e, durante a minha vida, ele se repetiu em tantas variáveis que eu me pergunto se algum dia alguém vai realmente me ver, como eu sou.
Eu não tenho intenção de ser perfeita, eu sei que não sou.
O que eu quero é poder cometer tantos erros quanto possíveis, me desculpar por eles e continuar tentando melhorar sem passar semanas remoendo tudo e me culpando constantemente.
Quero poder ser eu, com todos os defeitos que tenho tanto receio em demonstrar, sem perder o apreço de quem eu gosto.
Quero alguém que não me veja perfeita, mas em construção. Não para alcançar um ideal de perfeição, mas para tentar ser o melhor que eu puder ser a cada erro, sem me perder completamente.