Fragilidade calculada
Certa noite, ao desabafar com um amigo sobre minhas inseguranças e inúmeros medos em relação a minha vida e o caminho que ela está tomando, refletimos sobre as características que nos aproximavam e tornavam nossas atitudes perante algumas situações, parecidas.
Assim como ele constatou, eu também me conheço bem o suficiente para perceber que possuo uma forma peculiar de lidar com certas pessoas e acontecimentos. Nas palavras dele “não se trata de ingenuidade, pois você conhece os riscos, é uma fragilidade calculada”.
Apesar de conseguir reconhecer que fui capaz de sobreviver a inúmeras situações traumáticas e por esse motivo carrego um certo tipo de força e sabedoria perante momentos de adversidade, diante de outras circunstâncias me sinto como se ainda fosse uma criança assustada.
É como se eu estivesse caminhando em linha reta para chegar em algum lugar que já sei o caminho e, aparentemente, não há como me perder e acabar em outro lugar onde não quero estar. No entanto, enquanto eu percorro esse caminho inúmeras distrações se apresentam por todos os lados, na intenção de me atrair para novas direções.
Contrariando o que possa parecer, não vejo problemas em percorrer diferentes rumos, porém, na situação em que me encontro não há motivos para me arriscar e me ver a mercê de mais uma situação onde eu me encontraria desamparada ao final.
Pensando assim, a princípio eu consigo me manter em linha reta, pois compreendo perfeitamente os riscos de me desviar do caminho que eu já conheço. Mas, em algum ponto, em algum momento dessa caminhada, algo me detém, eu me distraio e estou perdida novamente.
Eu faço escolhas e, dentre elas, em algum momento eu me sinto confortável o suficiente para me deixar levar, expor a fragilidade que eu tanto escondo e me mostrar vulnerável. Essa é a fragilidade calculada, é o que muitas vezes me protege de cometer erros, mas que, em outras vezes, me empurra exatamente na direção deles.