Eu tô bem sozinha

Julia Machado
2 min readJan 11, 2024

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Por muito tempo acreditei que era impossível me sentir bem na minha própria pele.

Acreditava que estar sozinha era perda de tempo, que eu só estaria aproveitando a vida se estivesse cercada de pessoas a minha volta.

Por isso eu me cerquei de amigos, conversei com pessoas das mais diversas, puxei assunto nas filas dos banheiros das festas e me envolvi em relacionamentos com pessoas de vários cantos do país.

Quando ficava sozinha em casa — mesmo com minha família presente — me sentia estranha, sentia que estava perdendo uma parte do todo. O ócio costumava me enlouquecer.

Eu fiz de tudo para que o silêncio da solidão nunca me alcançasse.

Não funcionou.

Por incrível que pareça, por conta própria, eu decidi estar sozinha.

Na solidão encontrei a paz que tanto busquei, me senti feliz e plena junto de mim mesma.

Hoje, mesmo tendo liberdade para estar em conjunto, muitas vezes escolho ficar só.

Gostei tanto do som do silêncio que, mesmo sendo livre para ouvir a música que eu quiser, no volume em que eu preferir, eu o elejo.

No ritmo do meu poder de escolha eu danço ao som da minha própria sinfonia, dos meus barulhos de vida. Descobri que o meu despertar tem o som da cor amarela e o meu adormecer tem a melodia calma de alguém que recebe pessoalmente o sopro de Morpheus.

Não me arrependo das noites que passei em claro, vagando em diversos espaços, sem saber que tudo que eu buscava era o meu próprio.

Mas agora eu sei que posso seguir com calma e no meu próprio tempo, conquistando o que eu puder, sozinha ou acompanhada de quem eu permitir que siga ao meu lado.

Agora eu posso responder de verdade que estou bem, sozinha.

E eu tô bem sozinha.

Mas eu tô bem, mesmo sozinha.

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