Das coisas que não tenho controle (e não desejo ter)
Houve um tempo no qual eu dificilmente sentia qualquer coisa, não importava o quão interessante e incrível algo — ou alguém — parecesse eu dificilmente me afeiçoava. Tudo parecia um tanto adormecido nesses momentos, eu tinha muito controle e ao mesmo tempo não tinha controle algum.
Nem mesmo a euforia de um bom momento conseguia me convencer por muito tempo, normalmente, esse sentimento também passava tão rápido quanto a sua chegada, dando lugar a dormência de sempre.
Foi com esses sentimentos — ou a falta deles — que me assegurei e me prometi uma série de coisas. Olho-me no espelho hoje e percebo o quanto fui ingênua, o quanto ainda tenho que aprender e, principalmente, o quanto sou mentirosa.
Cometi, talvez, o pior dos meus erros: menti para mim mesma.
Olhei para dentro de mim e prometi me livrar de uma sequência de comportamentos que me mantinham num ciclo vicioso de situações que eu não queria vivenciar nunca mais.
Não quero ser injusta comigo mesma — apesar de ser absurdamente cruel ao julgar minhas próprias atitudes dia após dia — em algumas escolhas me mantive firme e certas regras que me impus admito ter sido capaz de obedecer.
Deslizei por uma fração de segundo e me vejo em apuros novamente.
Não me reconheço mais, me pego todos os dias buscando aquela visão de mim que vi no espelho e que prometeu mudar, tão segura, tão conhecedora de si mesma, tão sem medos e cheia de ambições.
No entanto, apesar de sentir falta do controle, não desejo recuperá-lo.
A proximidade de um abismo me assombra, mas eu certamente prefiro isso a inércia.
Sinto-me viva, enfim.
E sei que apesar de qualquer coisa que venha a me acontecer, é dessa forma que irei permanecer.